Vejo-me obrigada a desviar-me do estilo deste blog para vos contar mais uma história hilariante: não é daquelas que só acontecem aos outros, é daquelas que só acontecem a mim.
Há um mês atrás parti o quinto dedo (como os médicos insistem referir na sua sapiência intocável) da mão esquerda. Isto aconteceu a saltar ao eixo (esta é uma das partes incríveis da história). Não fui logo ao médico porque quando ousei supor que tinha o dedo partido disseram-me: "Mariquinhas, que disparate...mete gele, que isso passa."
No dia seguinte, em Santarém, o ortopedista de serviço pôs-me uma tala no dedo e recomendou-me que a mantivesse durante três semanas, e que depois de a tirar tivesse muito cuidado para não voltar a partir o dedo, pois no mês seguinte seria muito provável.
No Centro de Saúde da Golegã, onde fui dias depois a conselho do ortopedista, uma enfermeira, que me trocou a ligadura meio a medo e sem certezas do que estava a fazer, disse-me que ao fim das três semanas podia tirar a tala em casa e seguir a minha vidinha. O meu médico de família confirmou este procedimento e ainda acrescentou: "mete gelo que isso passa".
Ao fim de três semanas eu tirei a tala, em casa. O meu dedo estava torto, muito torto. Duro, imóvel e negro.
Eu estranhei, a minha mãe também, todos estranharam.
Suspeito.
Atentando ao discernimento das pessoas que me rodeiam decici fazer um novo raio-x, desta vez no Entroncamento. O médico que analisou o raio-x no serviço de urgências fez má cara quando olhou para o monte de ossos que se agregam na minha mão esquerda. "Vá a um ortopedista, o mais rápido possivel, isto não está nada bom, nada bom...", recomendou-me.
Segunda-feira, Santa Maria. Chuva infernal na rua. Macas, cadeiras de rodas, serviço de urgências entupido. Conto esta história toda no seriço de triagem. Dão-me uma pulseira verde que não consegui por sozinha, já que a minha mão esquerda já teve melhores dias. Envergonhada, peço ao segurança para me ajudar.
De pulseira verde no pulso (depois de descer de nível, já que há três semanas era amarela), cartas do médico, radiografias e muita desorientação pelos longos corredores do famoso hospital, eis que sou chamada. Entro no consultório. Dois médicos, uma enfermeira, uma auxiliar e dez jovens estagiários de medicina, ordenados em fila indiana, a assistir às consultas.
Num tom divertido o médico pede-me para contar a minha história. Contei-a, outra vez.
"Ah pois é, isto não está nada bom!", exclamou enquanto olhava as radiografias e o colega simultaneamente, num olhar que queria dizer muito, mas que eu não percebia.
"Lembram-se disto?", pergunta virado para os alunos, "falámos disto na aula passada."
A questão foi a seguinte: o primeiro ortopedista não conseguiu tratar-me o dedo, a função básica deste especialista, acho eu.
"Ele deveria ter-lhe posto do dedo no sítio antes de pôr a tala. Agora já solidificou, mas torto. Vamos ter de mexer...isto já não deve dar para partir facilmente...", disse. E antes que eu percebesse alguma coisa , já estava agarrado ao meu dedo a tentar partir o osso mal recuperado.
"Veja lá o que vai fazer, isso dóóóóóói", disse-lhe.
"Oiça lá, não confia em mim porque sou médico ou porque sou homem?", questionou-me. Sorri e não respondi, afinal não era uma pergunta fácil.
Enquanto isto, os estagiários continuavam em fila, ordenados, de braços cruzados, com ar sério.
Finalmente o médico desistiu de tentar partir-me o dedo.
"Simule que está a beber um café e agarra a chávena com a mão esquerda."
Eu simulei.
"Está a ver o estilo que iso lhe dá, com o dedo esticadinho?!", foi com este disparo que os estagiários desmontaram a sua seriedade e se riram.
"Você vai já para a ortopedia. Depois não se vá embora sem me vir contar quando é operada e o que o meu colega lhe disse", pediu, mostrando uma curiosidade característica de vizinha velha.
Mais uma fila, mais um papel, mais uns acamados a gemer em mais um corredor. Chega a minha vez. Contei a minha história, outra vez.
"Tem de ser operada. Mas não pode ser já, o seu dedo está a sofrer de uma rigidez que lhe afecta toda a zona lateral da mão (isso eu já tinha percebido). Faz um mês de fisioterapia e depois é operada. Vamos pôr uns parafusos no dedo durante seis meses, e depois serão retirados."
Esta foi a última sentença.
Eu só parti um dedo.
O médico insinuou que me faltvam parafusos.
8 comentários:
Amiga...
Mais uma vez venho mostrar a minha indignacao à negligencia de que foste alvo...A esses mèdicos è que faltam parafusos!!!
Quanto à vinganca, ja se sabe...serà terrivel...
Pelo poder sagrado VOCC...todos os responsaveis serao castigados!!!
Beijo enorme...minha lesionada favorita****que saudaditasssssssss
Ola minha grande "Chefa".. Acrescento à tua triste e insólita história dedal que graças aos escuteiros do fantástico 1139, foste ao médico.. Ai se não fossemos nós.. E o que se perdeu do agitado e interessantíssimo Conselho Regional por causa de ti!! Mas como é obvio, a boa acção diária ao escuteiro pertence.. Imagina que nós não iamos contigo?? Hum.. A esta altura, e com tanto profissionalismo de todos, o gelo que terias posto era certamente de má qualidade o que contribuiria para a intensa dor e, quem sabe, a amputação do quinto dedo da mão esquerda.. Resta-me desejar boa fisioterapia e ... dedinho levantado porque pra frente é que é caminho.. ;)
Olá! Obrigado pelo teu comment no meu free, adorei mesmo... Realmente a tua vida nao tem sido facil e tudo graças ao eixo, que diga-se de passagem e uma brincadeira de crianças, lol! Agora meteste-te nisso atura-os (aos médicos e aos homens) Lol... Até lá fica bem... E vai passando no meu free... Beisitos e a s melhoras...
Miúda, que mais te poderei eu dizer?Como tu disseste...essa história é digna dires ao "Você na tv" com todos aqueles que te apoiaram para pedires uma bruta indemnização!!Já te disse que direi até morrer que te ajudei na fase da depressão. Lol
*Bjus sua cortes de saídas ah nt :(
Óh miga,nem imaginas o que me ri quando soube do insidente... mas agr percebo que n tem assim tanta piada... Espero que melhores depressa pk esse dedo ta mm feio... As mioras migona... Adoruh tuh pah...
Miúda, venho mais uma vez mostrar a minha indignação pelo teu estado mas também para dar um conselho: sempre que tenhas um problema ortopédico não vás ao hospital de Santarém, pois é uma verdadeira merda! Aliás, está à vista! Bjinhux miúda e que recuperes depressa!=)
querida chefe..mete gelo que isso passa! :P beijinhos do Xico Bala
PODES JUNTAR-TE A MINHA À MUNHA IRMÃ E VÃO AS 2 AO VOCÊ NA TV!! ELA CONTA A HISTÓRIA DELA COM SEGURANÇA SOCIAL!!!
E TU CONTAS ESTAS!!
BEIJOS
SILVIA
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