terça-feira, novembro 28, 2006

Aos halterofilistas de pesos metafísicos

"Ao contrário de Parménides, parece que Beethoven considerava o peso como algo de positivo. Der schwer gefasste Entschluss, a decisão gravemente pesada está associada à voz do destino (Es muss sein!); o peso, a necessidade e o valor são três noções íntima e profundamente ligadas: só é grave o que é necessário, só tem valor o que pesa.
A origem desta convicção situa-se na música de Beethoven e, sendo embora possível (senão provável) que seja mais da responsabilidade dos seus exegetas do que do próprio compositor, hoje quase todos nós a partilhamos: para nós, a grandeza de um homem reside no facto de carregar com o seu destino como Atlas carregava aos ombros a abóbada dos céus. O herói beethoveniano é um halterofilista de pesos metafísicos."
A Insustentável Leveza Do Ser
MILANKUNDERA

4 comentários:

Anónimo disse...

Li o excerto uma primeira vez e decidi reflectir uns momentos e regressar para le-lo de novo quando o sentisse em todo o esplendor.

Apesar de muitas das vezes saber que cada uma de nos carrega com o peso (das responsabilidades, dos problemas, das duvidas, dos medos, das conviccoes e de tudo o resto que caracteriza a febre do agir e do pensar humanos), é optimo - diria mesmo irresistivel - saber que posso contar com o carinho e essencialmente a cumplicidade de amigas, que sabem exactamente aquilo que sinto (ou fingem saber só para me fazer sentir acompanhada)...para partilhar todas essas coisas pesadas pela vida fora...de forma a torná-la leve mas intensamente vivida!
Adoro-te amiga***

Deb disse...

desculpa la mas bebi umas cervejolas e nao consigo ler em condiçoes o q um texto deste caracter propõe reflectir.
posso no entanto dizer que percebi a expressão "es muss sein". tudo o resto me pareceu um pouco... alemão, sabes? lol
fica para a próxima.

Catarina disse...

É verdade, todos nós carregamos um peso. Seja ele do que for. Seja ele mais leve, ou mais pesado. Ou seja até um nada, que tantas vezes pesa ainda mais.
O importante é sabermos aquilo que carregamos,da forma como o fazemos e com quem o fazemos.
Tal como a Mariana disse, fico feliz de saber que é com vocês que tantas vezes o carrego, ou melhor, descarrego.
Tenho saudades ó jornalista-que-vai-trabalhar-de-propósito-na-segunda-feira-para-ir-ver-o-pai-dos-seus-filhos(para quem não sabe, David Fonseca) :)

Susana disse...

Opah..tenho mesmo de ler esse livro... Mas comentários sérios posteriores ao da Deb não são possíveis, fiquei muito desconcentrada!! xD "Brutal, man!", é td o que consigo neste momento! x) Bjs****