quarta-feira, agosto 16, 2006

Em busca do tempo perdido


Tenho dado por mim nos caminhos de Swan. Na verdade, há anos que isso acontece, mas nunca tinha tomado consciência disso.
Desde que me conheço que a minha avó faz diariamente alusão à Madrinha Durão, que nunca conheci. Ao longo dos anos fui crescendo com a presença dela pelas palavras da minha avó, que todos os dias a refere por este motivo ou por outro.
Parece-me que a conheço bem. Uma senhora austera, matriarca, bem falante, de personalidade forte, bom gosto e requintada. Às vezes imagino-a por aí, a ouvir valsas ou a tocar piano. Barulhenta como uma máquina de escrever ou de costura. A assistir a guerras mundiais, a ler o Século, a ver a primeira emissão da RTP, a ler a queda e a "queda" do Salazar, a ver o Homem na lua.
Invejo-a. Eu queria ter sido e ter feito nesta altura.
Eu quero viver no século XX, onde o romantismo dos ideais fez o Homem apaixonado.
Nasci na era do analógico, mas não tarda nada, com disse o outro (que na altura achei louco), terei uma entrada USB para o cortex.

3 comentários:

Deb disse...

"Enraivece" a forma como me espelhas!

Lembraste-me de quando escrevi q queria ter pertencido à era dos pombos-correio.

Oh tempo, volta pra trás.
Vamos ter de sobreviver aqui.

Stranger disse...

"Eu quero viver no século XX, onde o romantismo dos ideais fez o Homem apaixonado.
Nasci na era do analógico, mas não tarda nada, com disse o outro (que na altura achei louco), terei uma entrada USB para o cortex."

É a tal "mania" dos opostos
...digo eu :)

Rita disse...

Também já dei por mim, por diversas vezes, a ter pensamentos desses. Tenho uma enorme curiosidade no que respeita ao modo de vida que se levava até há uns anos..quando nada era assim.