Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Tudo muda.
A saudade e a nostalgia às vezes sobem-me aí pela rua e batem no vidro da janela. Eu deixo-as sempre entrar. É que a adolescência já la vai, aquela em que nos sentíamos sempre nas piores condições, numa dependência inaceitável e numa revolta constante. Por isso mesmo éramos os mais felizes e mais sonhadores.
Parecia que a amizade era sempre o mais importante, e tudo girava à volta dela: projectos, planos, sonhos. Sempre dependentes uns dos outros, do que o amigo queria e fazia. Nada fazia sentido só em nós. O outro era sempre mais importante, numa dedicação e lealdade vital.
Hoje sei que não é assim. Chegou o mundo real.
No mundo real pensamos primeiro em nós. Seguimos o nosso caminho mesmo sabendo das mudanças e dos afastamentos consequentes. Saímos do ninho confotável e feliz para "ir viver a nossa vida". E pior, tudo é consciente, cada erro é culpa nossa, assim que ages já sabes o que te vai trazer.
Muita coisa se perde e se sofre. A vida é mesmo assim. Todos temos um trilho a percorrer e sabemos que mais cedo ou mais tarde o temos de tomar.
As promessas de amizade fiel e eterna já não trazem tanto sentido quando cada um seguiu o seu caminho. Porque é assim que tem de ser.
Cada um sabe de si, poucos sabem de todos.
É assim que a saudade e nostalgia me têm segredado ultimamente, mas não lhes vou fechar as janelas.
Obrigada aos resistentes.
Obrigada Tiana, por me lembrares disto.