domingo, dezembro 02, 2007

Na mesa do café de sempre

É sempre difícil arranjar palavras para as despedidas. Hoje bastarão olhares cúmplices de quem tem na cabeça e no coração milhares de histórias guardadas.

Durante os últimos anos essas histórias foram sendo construídas nas mesas do café, ao sabor de um Nicola ou de uma cerveja, à luz do luar ou do sol que entrava quente pela janela meio fechada.

O sol entrava forte e iluminava as paredes cor de alegria e de amizade, como que iluminando uma seara onde uma ou outra vez se vê uma papoila.

Nas cadeiras havia só amigos, que chegando sem combinar encontravam sempre ouvidos fiéis, mesmo sem pedir, mesmo sem esperar.

Todos os dias alguém deixava algo de si e consumiam-se sentimentos comuns. Era uma constante partilha, natural, inconsciente. Sem sabermos como nem porquê, já trocávamos e cruzávamos os nossos mundos, como quem está tranquilo num porto seguro.
Às vezes ninguém falava, mas esse silêncio não constrangia ninguém… o à vontade era constante.

Nos poentes dos dias suados, nas noites frias aquecidas por licores, as mesmas caras encontraram-se sem se fartar e moveram-se no espaço como se da casa de cada um se tratasse.



Por fim, apagaram-se os últimos cigarros, e nas suas cinzas ficaram guardadas as muitas histórias trocadas.

Por fim, soaram os últimos acordes da guitarra, e com eles os beijos das promessas de amor ali trocadas.

Por fim, fez-se um último brinde, a todos nós e aos muitos sucessos ali comemorados.


4 comentários:

Unknown disse...

Não sabia que a Papoila tinha fechado... :(
Se já tinha saudades de lá ir ter com o pessoal... Agr ainda tenho mais...

Um café que ficará para sempre na história de cada um de nós...

Beijinhus lindonna com muitas saudades***

Deb disse...

Já estás brindada de saber que é por veres todos esses pormenores, finos como as cordas das guitarras, que eu gosto tanto de ti.
Já te disse tantas vezes quantas as que fumas um maço de cigarros que pensas como eu, em tantas coisas.
E é por isso que este textinho não se dirige a mim mas me assenta escorregadio como um doce e quentinho café curto.
Um brinde a ti, nossa chefe. Sortudos aqueles que rodeias!

Anónimo disse...

AMIGA, TU TENS MESMO JEITO PRA ESCRITA...
POIS É O NOSSO CANTINHO FECHOU AMIGA, AGORA PARECE QUE FALTA ALGO NAS NOSSAS AMIZADES, PARECE QUE JÁ NÃO É A MESMA COISA.MAS É ASSIM A VIDA. BEIJOS. SILVIA

Lili Nabais disse...

Desculpa a intromissão...
Gosto tanto de ler os teus post's que não resisto a vir de tempos a tempos ao teu blog!
Este post tem qualquer coisa de tão familiar, que nem sei explicar, a forma como está escrito, o sentimento, não sei...
Gostei imenso, continua a escrever.