quinta-feira, julho 28, 2005

Sol de Inverno, Chuva de Verão


Gosto de chuva de Verão (como os brasileiros) e de sol de Inverno (como a Simone de Oliveira). Como a Adriana Calcanhoto eu gosto de opostos. Gosto de comer chocolates todo o ano, no sofá, depois de lavar a loiça do jantar. Gosto muito de dormir a manhã na cama, e gosto de levantar cedo para ir beber um café e ler o jornal. Gosto do ar livre, de apanhar sol e ar na cara. Gosto de sair à noite. Gosto de ir Belém ao final da tarde, beber uma café à esplanada do CCB e depois ir comer pastéis. Gosto de observar e especular acerca dos desconhecidos que encontro no Metro. Não gosto que se metam nem que mandem na minha vida. Gosto muito de ler quando vou de comboio para a Golegã. Gosto de acampar no Inverno, no Verão, na Primavera e no Outono. Gosto do frio de Lisboa em Dezembro, e de tremer por causa dele quando passeio pela Baixa sob as luzes e as músicas de Natal. Gosto de perder horas e horas a ouvir música...mas não as perco, ganho-as! Gosto de conversar até de manhã, não gosto de me deitar quando os pássaros já cantam. Gosto de fazer os outros felizes e gosto de estar sossegada no meu canto. Gosto de ser eu a decidir a minha vida. Não gosto de surpresas. Gosto de organização e de calcular as situações. Gosto de Karaokes, de dançar, de jantar fora. Gosto de fogo de artifício, de festas grandiosas onde todos são felizes. Gosto de Cinema, mas sem pipocas. Não gosto de Circo, nem de palhaços. Gosto de banhos muito quentes, no Inverno e no Verão. Gosto de pessoas. Gosto de tentar perceber cada atitude delas. Não gosto de pessoas nem preguiçosas nem preconceituosas. Gosto de morangos e amoras.Gosto da novelas da Globo, dos filmes do Almodovar, gosto da comida da minha mãe. Gosto de malmequeres, cactos e girassois. Gosto da Internet, de câmaras, de gravadores, de lápis e papel. Do Moderno e do Antigo. Eu gosto de opostos, do sol de Inverno e da Chuva de Verão.

terça-feira, julho 12, 2005

Pablo Neruda

Não podia deixar de divulgar um dos meus poemas favoritos... é de Pablo Neruda e é do mais autêntico que já li, espero que gostem!

Quem morre?
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
Pablo Neruda

segunda-feira, julho 11, 2005

A Partida


O Caminheiro é aquele que parte, vai pelo Mundo, sem se agarrar ao materialismo das terras, das pessoas; em todo o lado encontra família, Deus e amor. O Caminheiro não tem medo da solidão porque sabe que o mundo respira espírito de amor e que a seu lado vai um Clã inteiro... mas apesar de não ter "poiso" certo, há um dia em que o Caminheiro realmente PARTE, e vai, sem o Clã, sozinho, pelo mundo fora, num projecto arrojado, autónomo... muitas vezes sentirá medo e as suas fraquezas serão realçadas...mas foram muitos os anos que pensou nesta "viagem" e que se formou para ela: se parte é porque está preparado, não há motivo para temer seja o que for. O Caminheiro também sabe que a Partida não é um fim, mas um recomeço num novo trilho, mais íngreme, mais estreito... agora já não tem tanto espaço para falhar...mas sabe que também este trilho conduzirá à felicidade...basta impelir a sua própria canoa!