O nervosismo da curiosidade, o medo de olharem para mim, a espectativa do desconhecido. Sentimentos vários e que ainda hoje consigo recriar na minha cabeça. Foi assim quando entrei para os escuteiros. A aventura de dormir fora de casa, em tendas, em acampamento, ainda por cima com as amigas do peito na mesma patrulha. Parece que foi ontem, aquela excitação da novidade, a amizade fidelíssima, dividir refeições, dividir tendas, dividir segredos, comentar rapazes, os primeiros beijos descritos às amigas sob um céu estrelado e ao calor de uma fogueira. Os primeiros acordes na guitarra, as primeiras Promessas, o primeiro Lenço. Muitos foram os momentos em que me julguei - e continuo a acreditar- a viver em estado de felicidade pura. Fazer mais amigas, de outros grupos, fazer amigos. Os primeiros cigarritos, fumados à escondida do chefe, e que de tanto esconder me queimaram os calções. Os raids à noite, onde não havia lugar para o frio nem para o sono, só algum medo, e muita adrenalina. A clareza do sentido de Deus, a formação de valores sólidos. A teimosia e a vontade de mudar o Mundo. Montar tenda aqui, ir à Missa ali. Fogos de Conselho seguidos de fogueira, amigos e café. Longas conversas noite fora. Chorar com os outros, pelos outros, chorar pelo o que é triste e pelo que é alegre. Criar uma cumplicidade inabalável, mesmo pelo tempo. Anos depois encontrar caras velhas em acampamentos novos.
Hoje a minha mochila, a minha farda e a minha guitarra guardam momentos únicos e marcas bem cravadas de sensações que desejava voltar a viver com todas as minhas forças. É impossivel descrever-vos as saudades que me roiem o coração, e que me fazem querer levar aos outros o que já fizerem por mim. Agora é esse o meu papel. É bom perder horas e semanas em projectos na sede dos escuteiros, se como recompensa temos os melhores momentos da nossa vida!
Por ter ganho confiança em mim e por chegar mais longe impelindo a minha própria canoa, obrigada BP.
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1 comentário:
Talvez o texto com o qual senti mais empatia. Não me vou esquecer de um dia me teres dito que sentias que eu vincava em mim os mesmos princípios que tu. Este texto só veio confirmar a minha opinião, também.
Não os Escuteiros, entidade que sempre admirei e sempre me despertou curiosidade, mas os Salesianos, abraçaram-me durante 8 anos terminados. Um abraço que sinto até hoje e que me deixa uma saudade que "só quem lá esteve pode compreender".
É a força das Comunidades. Para lá dos milhares de euros que ali deixei e que servem hoje para ostentar luxos que não combinam com o espírito salesiano em si, sei que existe ali uma essência que arrepia, que faz sorrir, que faz chorar.
Tal como tu, também no meu espacinho eu passei dos melhores momentos da minha vida, desde noitadas, a missas, a canções amadoras, a filmes, a noites, a viagens, a acampamentos, a ensinamentos.
Invejo a tua sorte de ainda poderes participar de tudo isso. De viver bons momentos em permanência. Eu contento-me com as oportunidades que tenho, também, de retribuir o que fizeram por mim ali.
Mesmo para os cépticos, é nestas ocasiões que sentimos como Deus nos pode enriquecer enquanto pessoas. Enquanto "bons cristãos e honestos cidadãos".
Adorei, amiga. Obrigada por despertares esta nostalgia que me preenche.
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